Kaiserschutzen - Os Atiradores do Imperador
As tropas francesas superavam as
forças tirolesas de cinco para um. O que fazia a diferença nessas tropas
recrutadas no improviso era a presença dos “Schutzen”, atiradores de elite
(protetores) que com sua coragem, pontaria e nas lutas no corpo a corpo, conseguiram
repelir as forças francesas que abandonaram as suas posições.
Apesar de recrutadas apenas em
emergências, essas companhias de milícias já atuavam no Tirol, desde a sua
formação pelo Imperador Maximiliano I de Habsburgo (1459-1519) do Sacro Império
Romano Germânico, no ano de 1511, quando criou o Landlibell, um conjunto de
normas que permitia a organização militar, um tratado de defesa entre as
províncias que faziam parte do Tirol histórico (os principados de Trento, de
Bressanone e do Condado do Tirol).
Maximiliano I foi criado na França, mas era
apaixonado pela terra tirolesa, criou uma organização paramilitar voluntária e
composta por camponeses, artesões, comerciantes e nobres, que eram recrutados
para formarem as companhias de atiradores, se chamavam de Schutzen (alemão),
Sìzzeri ou Scìzer (dialeto trentino) e Bersaglieri (italiano) em toda a região
tirolesa.
É preciso ter em mente que as características
de autogoverno nos vales tiroleses sempre estiveram presentes. Uma autonomia
voltada para a formação de grupos de autodefesa territoriais, fiéis ao Império,
mas principalmente ligados ao seu próprio território. Por isso os Schützen
nunca foram reconhecidos como verdadeiros soldados. Porque uma coisa é a defesa
do Estado, outra coisa é a defesa da própria terra.
Os atiradores se reuniam
principalmente aos domingos, após a missa, para treinamento. As espingardas
eram guardadas pelo padre na sacristia da igreja, demonstrando o apego dos
Schutzen aos princípios religiosos da Santa Igreja Romana. Não eram recrutados
para lutas fora das terras do Tirol, suas ações eram realizadas dentro das
fronteiras tirolesas. Tinham direito a
armamento, alimentação e uma remuneração pagas pelas comunidades tirolesas.
Os Schutzen defendiam os valores religiosos,
Deus vinha em primeiro lugar, depois o território em que viviam, trabalhavam e
produziam, viam a família como pedra fundamental, o alicerce da sociedade
civil, sem, nunca reclamar da sua supremacia para com os outros povos, tentavam
apenas viver em paz, defendendo a sua terra, e sua autonomia.
Quem eram esses Schutzen (atirador em
alemão), sìzzeri ou scìzeri (adaptação da pronúncia tirolesa Schitzen) ou
bersaglieri (em italiano) que tanto assustaram Napoleão Bonaparte?
Mesmo
assim eles não se deixavam intimidar, existiam canções que recordavam os feitos
tiroleses de 1796: “Tirolesi, Tirolesi venite all'armiecco i francesi ... Tiroleses
para as armas ... os franceses estão chegando.
No
século XVIII, os Schutzen utilizavam um rifle, o Stutzen, uma arma curta com
cano estriado, dotado de uma precisão incrível. No Império Austro-Húngaro, eles
foram chamados de Kaiserschutzen, os atiradores do Imperador. As vitórias dos
patriotas tiroleses liderados por Andreas Hofer contra Napoleão Bonaparte em
Bergisel (Áustria) em 1809 teve impacto especial na consciência do povo
trentino, tanto que Segonzano, uma comuna ao lado de Cembra, foi chamada de
Bergisel Von Welschtirol (Bergisel do Tirol Italiano), ou seja, Trentino.
Em
tempos de paz os Schutzen praticavam o esporte de tiro ao alvo, realizavam
atividades de proteção civil e de bombeiros.
Hoje, no Trentino existem muitos grupos de Schutzen que participam de
eventos da província com seus trajes tradicionais e rotinas de marcha.
As
batalhas dos tiroleses x franceses pela retomada de Trento.
Após quatro dias de combate as forças
tirolesas comandadas por Felice Von Riccabona entraram triunfalmente na cidade
de Trento forçando a retirada dos franceses da cidade. Na batalha final de 6 e 7 de novembro de 1796, o comandante
Schutzen Riccabona conquistou Castel
Pietra, obrigando desta vez a retirada dos franceses de todo o Trentino.
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