A
fé sobe a montanha - A religiosidade dos trentinos
A Igreja era o poder político perante
a classe camponesa. O guia (líder) do camponês não era o Imperador, nem o
intelectual liberal: era o padre.
Os 51 Bispos Príncipes do Trento que
se sucederam no período, já haviam estruturado firmemente o Estado de
Cristandade, dentro do regime feudal, que nasceu da fusão do Cristianismo
primitivo com o Império Romano.
O
Concílio de Trento (1545-1563) foi um importante evento ocorrido no período,
que a cidade de Trento era um principado em um momento europeu extremamente
delicado, em que o protestantismo avançava, e a Igreja Católica viu-se obrigada
a tomar uma atitude. A escolha de Trento como sede do Concílio se deu em função
da sua posição estratégica, e por ser território autônomo sob o comando de um
príncipe-bispo, teve a intenção de iniciar uma contra reforma, que
reconquistasse a fé católica nas terras protestantes do Sacro Império Romano
Germânico.
Era
necessário difundir a língua italiana em detrimento da língua alemã no
trentino, muito difundida entre os religiosos,
sendo a maioria dos bispos de origem
germânica, em todo o território. O medo era do avanço do protestantismo no
Tirol. Isso contribuiu para que o alemão perdesse cada vez mais espaço na
região trentina. As missas passaram a ser rezadas em italiano e os sobrenomes
de origem germânica foram latinizados ou italianizados. Foi onde o Papa Pio IV tomou as mais importantes
decisões da igreja.
Durante o século XVIII, missionários
jesuítas influenciaram profundamente os
hábitos e costumes da população tirolesa, difundindo a devoção ao
sagrado coração de Jesus e consagrando toda a região tirolesa e dos principados
episcopais em “Terra Santa do Tirol”.
Dentro
da cultura da região do Trentino, uma das características mais fortes era a
presença da fé e da grande religiosidade. Os tiroleses eram católicos
fervorosos. Em todos os locais próximos às vilas e nas montanhas existiam
oratórios para orações. Todos participavam das missas e procissões dominicais.
Croz
delle Agole – Grande Crucifixo de Madeira. Lisignano/Cembra/Trentino-Itália.
Altitude 1.092 m. Obra: Escultor Silvano Ferretti. Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki
Em vários momentos na história os tiroleses demonstraram a sua fé religiosa, e, em sua defesa revoltaram-se, um desses momentos seu deu com a chegada ao poder do Imperador Joseph II do Império Romano Germânico e Arquiduque de Áustria (1765-1790) que sancionou diversas leis que intervieram diretamente nas práticas das pacatas vilas do Tirol.
Os
tiroleses, fortemente apegados ao clero e à coroa austríaca, reagiram ao
domínio franco-bávaro, reuniam-se secretamente para encontrar uma maneira de
salvar o catolicismo na região. A ânsia por uma liberdade que não coincidia com
a dos liberais seguidores da Revolução Francesa, cantavam: “liberté, égalité,
fraternité, vocês a cavalo e nós a pé”.
Fonte: Wikipedia. Imagem de domínio público.
Em
1805 Napoleão foi proclamado Rei da Itália. A Áustria nesse mesmo ano se juntou
à aliança com a Rússia e o Reino Unido para combater os franceses e partiu para
a ofensiva invadindo a Baviera. Napoleão Bonaparte move seu exército, que
estava estacionado na cidade de Bolonha na Itália, para enfrentar os austríacos
na Baviera. Depois de vencer várias batalhas contra os exércitos austríacos, os
franceses derrotam as forças austro-russas na Batalha de Austerlitz na Morávia
em 02 de dezembro de 1805.
Derrotada
a Áustria abandona a coalização e busca a paz com França, provocando a
abdicação ao trono do Imperador Francisco I e a dissolução do Sacro Império
Romano Germânico, comandado pela Casa da Áustria, uma monarquia feudal que
durou 800 anos. Em 26 de dezembro de 1805 foi firmado o Tratado de Pressburg que
forçou os austríacos a ceder a região do Vêneto para o Reino da Itália,
governado por Napoleão, e o Tirol, inclusive o trentino, para a Baviera que era
aliada à França. A região tirolesa passa a se chamar de Baviera do Sul.
Napoleão resolve ordenar a prisão do Papa, que o excomungou imediatamente. A notícia da excomunhão de Napoleão havia se espalhado pela Europa e no Tirol gerou um ferrenho ódio popular contra a ocupação francesa. A decisão papal chegou como um chamado à resistência. O clero local reforçou na população o antigo sentimento de que a nação austríaca, na qualidade de herdeira do legado histórico do Sacro Império, era também defensora legitima da fé católica, mas foi no conservador Tirol que uma rebelião tomaria proporções maiores. Fonte: Wikipedia
Para
piorar os ânimos dos tiroleses, também houve, por parte da Baviera, o
recrutamento de soldados locais do Tirol para compor o exército bávaro. Isso
não foi bem recebido no local, pois a Baviera pretendia usar o exército para
lutar contra a Áustria. Os homens convocados fugiam para as montanhas e não se
apresentavam. Em diversos vales formaram-se grupos de resistência, considerados
criminosos pela administração franco-bávara e perseguidos. Tem início então as
revoltas. De todas as vilas alpinas se apresentavam homens para lutar por Deus,
pelo Imperador da Áustria e pelo Tirol.
No próximo capítulo: O Vater Hofer ou Capitàn Barbón - O herói do Tirol
Nenhum comentário:
Postar um comentário