Giuseppe Rampanelli na roda dos expostos?
Cresci, ouvindo os mais
velhos da minha família contar várias histórias, sobre nossos antepassados e,
entre elas, a de que o bisavô Giuseppe Rampanelli não constituiu família na
Europa, que havia sido colocado, quando criança, na roda dos expostos, sendo criado
por freiras numa instituição de caridade.
Quando adulto teria vindo sozinho para o Brasil. Ouvir essa história,
provavelmente, tenha contribuído para não me aprofundar nas buscas das nossas
origens, visto que a informação passada, praticamente dava um ponto final na
história da família Rampanelli. Se, os fatos tivessem acontecido da forma como
foram a mim narrados, a história a ser contada seria outra.
Por isso, cabe aqui
ressaltar o papel do historiador, que nada mais é, do que um narrador dessas
tantas histórias, onde o real e o imaginário escondem enigmas que não se
esgotam. As histórias de nossos antepassados são, excelentes pretextos, para
que se possa, dentro do possível, desvendar esses enigmas.
A roda dos expostos ou a roda dos
enjeitados consistia num mecanismo utilizado para abandonar (expor ou enjeitar)
recém-nascidos que ficavam aos cuidados de instituições de caridade.
Acredita-se que a primeira “roda dos expostos” tenha sido instalada em Roma em
1198, sob a ordem do papa Inocêncio III, que estava alarmado com o número de
recém-nascidos, normalmente ilegítimos, capturados pelas redes de pescadores no
rio Tigre.
As rodas medievais eram cilindros de madeira, em forma de tambor ou portinhola giratória, embutidos em paredes de conventos ou igrejas. O bebê era colocado no cilindro pela parte de fora e este era girado para dentro, onde freiras cuidavam da criança e tentavam encontrar novos pais para ela. Era construído de tal forma que aquele que entregava a criança não era visto por aquele que a recebia.
Este modelo de acolhimento ganhou inúmeros adeptos por toda a Europa, principalmente da Igreja católica a partir do século XVI. O ditador Benito Mussolini aboliu oficialmente as rodas dos expostos, na Itália em 1923.
O desenho ao lado é uma representação do uso da “Roda dos Expostos”. A
mãe, deixava seu bebê, girava a “roda”,
tocava o sino e retirava-se. Do outro lado, uma irmã de caridade recolhia a
criança, que passava a ser de responsabilidade da irmandade para cuidados,
alimentação, educação e na busca de pais adotivos.
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