quarta-feira, 26 de março de 2025

Família Rampanelli - Histórias da Família 13 - Pietro e Giovanni Rampanelli no Cafundó do Rio das Antas.

 

De Roça Reúna a  Colônia Alfredo Chaves

         Estava arraigado na memória de nossos antepassados a continuidade do sonho de fazer a América mas para isso foi preciso quebrar o isolamento imposto pelo rio das Antas e avançar sobre as terras da Colônia Alfredo Chaves, o que aconteceu a partir de 1884, que inicialmente se chamava de Roça Reúna e Povoado Novo,  que era chamada pelos imigrantes de “Paese Novo”.

                                                     De  Colônia Alfredo Chaves à Veranopólis

                      A Colônia recebeu o nome de Alfredo Chaves em homenagem  ao político gaúcho Alfredo Rodrigues Fernandes Chaves que em 1875 foi Diretor Geral de Colonização. A Colônia teve muitas dificuldades de se desenvolver nos primeiros anos, devido a falta de estradas, e as picadas abertas na mata densa que cobria toda a região criou obstáculos quase instransponíveis para o transporte dos produtos coloniais, pois o centro comercial mais próximo era São João de Monte Negro.

             Alfredo Chaves, hoje Veranopólis no Rio Grande do Sul.  Fonte: André Prati.

                     Também não havia pontes sobre os rios e a viagem de ida e volta levava 30 dias.  Até 1953 a travessia do rio das Antas era feita exclusivamente por barcas/balsas.

                        O rio das Antas funcionou como um obstáculo para a população daquela época, devido as margens serem muito acidentadas. Dificultou a passagem dos imigrantes para a região da Colônia Alfredo Chaves, por isso a colonização das terras dessa região só aconteceu 10 anos após a fundação da Colônia Dona Isabel.

Balsas/barcas do Rio das Antas – Século XIX. Uma das travessias era realizada no Passo do Governo, hoje Linha Passo Velho em Bento Gonçalves-RS. Fonte: André Prati.

O Cafundó do Rio das Antas

                        Os primeiros colonos imigrantes na Colônia Alfredo Chaves(1884) se estabeleceram em áreas geográficas menos acidentadas, distantes do rio. Os  imigrantes, principalmente poloneses que começaram a chegar no final dos anos 1890, foram encaminhados para ocupar os lotes mais isolados do Rio das Antas, lugar que ficou conhecido como o cafundó do Rio das Antas, os piores lotes de terras disponíveis.

                        Toda a região era coberta de mata virgem, não havia nenhum vestígio de estradas, nem de vida humana. Todo imenso matagal era povoado por animais selvagens, entre eles a temível onça parda que assombrava os colonos atacando seus cães, porcos, cabras e cavalos. O relevo acidentado do vale das Antas formou uma  barreira quase instransponível, impedindo que houvesse uma ocupação mais efetiva de suas margens.

                                    A ferradura do Rio das Antas. Acervo: Foto Parise – Veranopólis/RS

                        No  ano de 1896, foi exatamente para o cafundó do Rio das Antas que os filhos de Giuseppe e Angela, Pietro Giovanni Rampanelli e Giovanni Rampanelli  se dirigiram ao adquirirem um lote na Linha José Júlio junto ao Rio das Antas na Colônia Alfredo Chaves, hoje a cidade de Veranopólis.

A localização do  lote,  dos irmãos Pietro Giovanni e Giovanni Rampanelli, que  fica próximo a ponte em arco na divisa de Bento Gonçalves com Veranopólis, abaixo do Belvedere do Espigão, fazendo divisa com a Subestação da Usina Hidrelétrica de Monte Claro,  próximo a Rodovia BR-470 Km 186 em Veranopólis-RS.

Cenário atual dos antigos lotes de Pietro Giovanni Rampanelli e Giovanni Rampanelli com vista do Belvedere do Espigão em Veranopólis-RS.

O vale da desilusão

                        Segundo relatos de descendentes de imigrantes que escolheram seus lotes próximos ao rio, viveram o fim de suas esperanças. O vale em garganta mais do que um caminho revelou-se uma barreira instransponível. O rio com suas escarpas, torrentes e desfiladeiros, mais separava do que unia os colonos. Ao rio somava-se a floresta úmida e cerrada, o lodo tornava intransitáveis as picadas abertas. O vale das Antas foi o cenário de desilusão, de morte e de fuga de muitos colonos.

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