terça-feira, 25 de março de 2025

Família Rampanelli - Capítulo XXXI - Enxameagem - A Família Rampanelli em busca de novos ninhos

 

Os percursos dos filhos de Giuseppe e de seus descendentes

                        De 1875 a 1914 foram introduzidos no Rio Grande do Sul entre 80 a 100 mil imigrantes italianos, entre estes, de 6  a 8 mil trentinos. A colonização italiana/tirolesa, em sua maioria, foi efetuada no planalto (serra gaúcha) na RCI (Região Colonial  Italiana), pois as terras baixas, nas varzeas dos rios, estavam ocupadas pelos imigrantes alemães, que chegaram cinquenta anos antes. 

                        No final do século XIX e início do século XX, começam as grandes migrações dentro do estado do Rio Grande do Sul, muitas famílias de descendentes dos primeiros imigrantes deixam as terras nas regiões iniciais de colonização italiana/trentina e se espalham por todo o estado. De início, o fator determinante foi o fracionamento das propriedades. Sem terras suficientes para produzir, muitos partiam em busca de uma situação melhor para si e seus familiares.

                        Esta migração num primeiro momento se  deu das colonias mais antigas, Conde D’eu (Garibaldi), Dona Isabel (Bento Gonçalves) Campo dos Bugres (Caxias do Sul) para as novas colônias de assentamento dos imigrantes no Estado.

                        No começo do século XX os filhos dos imigrantes nascidos na nova terra começavam a alcançar a idade adulta e os chegados no século anterior entravam na velhice. Com a morte destes últimos foi preciso dividir a colônia, os candidatos a sucessão eram muitos, as famílias de então eram numerosas, pois os pais precisavam de muitos braços para ajudá-los no duro trabalho do campo. Em média as propriedades de colonização tinham 25 hectares, a divisão entre muitos filhos inviabilizaria a sustentação econômica deles, além de ser muito tradicional entre os europeus que a propriedade era herdada pelo primogenito, assim os demais filhos tinham que buscar novos horizontes.

Enxameagem

                        Esse processo de saída dos descendentes dos imigrantes das colônias primitivas para as novas colônias ficou conhecido também como “enxameagem”, termo  aplicado ao processo pelo qual as colônias de abelhas se reproduzem, onde algumas abelhas operárias deixam a colônia original e procuram um local adequado para a construção de novo ninho. Ao encontrá-lo, sua localização é informada as demais abelhas que realizam a imigração para o novo ninho. Conseguem  sempre manter o vínculo com a colméia materna e continuam frequentando o ninho original por algum tempo.

                        Outro fator importante para se transferir para novas terras era a falta de preocupação dos colonos em manter a fertilidade  do solo  com o uso de adubos e nenhuma preocupação com rodízio de culturas. Quando com o tempo a terra perdia a sua fertilidade vendiam a propriedade e buscavam novas terras.

            O lote adquirido pela família na Colônia Dona Isabel, foi quitado no ano de 1895,  e após a morte de Giuseppe em 1899, foi herdado pelo filho mais velho, Luigi Giacomo Salvatore Rampanelli. Chegou a hora da família Rampanelli, tal qual as abelhas de buscar novos ninhos.

                        Os descendentes de Giuseppe e Angela, como outras tantas famílias, a medida em que os lotes da estrada geral vinham sendo ocupados e as famílias crescendo (de 8 a 12 filhos), a terra ia ficando pouca para a subsistência dessas grandes famílias, sendo necessário deslocaram-se da Colonia Dona Isabel (Bento Gonçalves) para as novas colônias, do outro lado do rio das Antas, que foram sendo criadas pelo governo a partir de 1884, uma vez que as colônias pioneiras estavam totalmente ocupadas, para a instalação de novos imigrantes oriundos da Europa, bem como aos descendentes dos imigrantes que já ocupavam lotes nas antigas colônias.

                        A historiografia referente à colonização italiana no Rio Grande do Sul trabalha com quatro períodos principais, divididos com a seguinte cronologia:

A família Rampanelli se fez presente em todos os períodos e eventos da história da colonização italiana/trentina no Rio Grande do Sul,  com destaque para a chegada e a fundação da Colônia Dona Isabel em 1875, hoje Bento Gonçalves onde foram pioneiros,  em seguida com a migração para a Colônia Alfredo Chaves (1884), hoje Veranopólis e Colônia Guaporè (1892) e num movimento posterior para a Colônia Erechim no norte do Rio Grande do Sul na região do Alto Uruguai a partir de (1908).

            Com o surgimento de novas terras fora  do Rio Grande do Sul,  e a expansão das fronteiras agrícolas pelas políticas governamentais após a Guerra do Contestado (1912-1916) mais uma vez a família Rampanelli foi pioneira, agora na colonização do Oeste Catarinense e Paranaense.

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