Os percursos dos filhos de
Giuseppe e de seus descendentes
De
1875 a 1914 foram introduzidos no Rio Grande do Sul entre 80 a 100 mil
imigrantes italianos, entre estes, de 6
a 8 mil trentinos. A colonização italiana/tirolesa, em sua maioria, foi
efetuada no planalto (serra gaúcha) na RCI (Região Colonial Italiana), pois as terras baixas, nas varzeas
dos rios, estavam ocupadas pelos imigrantes alemães, que chegaram cinquenta
anos antes.
No final do século XIX e
início do século XX, começam as grandes migrações dentro do estado do Rio
Grande do Sul, muitas famílias de descendentes dos primeiros imigrantes deixam
as terras nas regiões iniciais de colonização italiana/trentina e se espalham
por todo o estado. De início, o fator determinante foi o fracionamento das
propriedades. Sem terras suficientes para produzir, muitos partiam em busca de
uma situação melhor para si e seus familiares.
Esta
migração num primeiro momento se deu das
colonias mais antigas, Conde D’eu (Garibaldi), Dona Isabel (Bento Gonçalves)
Campo dos Bugres (Caxias do Sul) para as novas colônias de assentamento dos
imigrantes no Estado.
No
começo do século XX os filhos dos imigrantes nascidos na nova terra começavam a
alcançar a idade adulta e os chegados no século anterior entravam na velhice.
Com a morte destes últimos foi preciso dividir a colônia, os candidatos a
sucessão eram muitos, as famílias de então eram numerosas, pois os pais
precisavam de muitos braços para ajudá-los no duro trabalho do campo. Em média
as propriedades de colonização tinham 25 hectares, a divisão entre muitos
filhos inviabilizaria a sustentação econômica deles, além de ser muito
tradicional entre os europeus que a propriedade era herdada pelo primogenito,
assim os demais filhos tinham que buscar novos horizontes.
Enxameagem
Esse
processo de saída dos descendentes dos imigrantes das colônias primitivas para
as novas colônias ficou conhecido também como “enxameagem”, termo aplicado ao processo pelo qual as colônias de
abelhas se reproduzem, onde algumas abelhas operárias deixam a colônia original
e procuram um local adequado para a construção de novo ninho. Ao encontrá-lo,
sua localização é informada as demais abelhas que realizam a imigração para o
novo ninho. Conseguem sempre manter o
vínculo com a colméia materna e continuam frequentando o ninho original por
algum tempo.
Outro
fator importante para se transferir para novas terras era a falta de
preocupação dos colonos em manter a fertilidade
do solo com o uso de adubos e
nenhuma preocupação com rodízio de culturas. Quando com o tempo a terra perdia
a sua fertilidade vendiam a propriedade e buscavam novas terras.
O
lote adquirido pela família na Colônia Dona Isabel, foi quitado no ano de 1895, e após a morte de Giuseppe em 1899, foi
herdado pelo filho mais velho, Luigi Giacomo Salvatore Rampanelli. Chegou a
hora da família Rampanelli, tal qual as abelhas de buscar novos ninhos.
Os descendentes de
Giuseppe e Angela, como outras tantas famílias, a medida em que os lotes da
estrada geral vinham sendo ocupados e as famílias crescendo (de 8 a 12 filhos),
a terra ia ficando pouca para a subsistência dessas grandes famílias, sendo
necessário deslocaram-se da Colonia Dona Isabel (Bento Gonçalves) para as novas
colônias, do outro lado do rio das Antas, que foram sendo criadas pelo governo
a partir de 1884, uma vez que as colônias pioneiras estavam totalmente ocupadas,
para a instalação de novos imigrantes oriundos da Europa, bem como aos
descendentes dos imigrantes que já ocupavam lotes nas antigas colônias.
A
historiografia referente à colonização italiana no Rio Grande do Sul trabalha
com quatro períodos principais, divididos com a seguinte cronologia:
A
família Rampanelli se fez presente em todos os períodos e eventos da história
da colonização italiana/trentina no Rio Grande do Sul, com destaque para a chegada e a fundação da
Colônia Dona Isabel em 1875, hoje Bento Gonçalves onde foram pioneiros, em seguida com a migração para a Colônia
Alfredo Chaves (1884), hoje Veranopólis e Colônia Guaporè (1892) e num
movimento posterior para a Colônia Erechim no norte do Rio Grande do Sul na
região do Alto Uruguai a partir de (1908).
Com
o surgimento de novas terras fora do Rio
Grande do Sul, e a expansão das
fronteiras agrícolas pelas políticas governamentais após a Guerra do Contestado
(1912-1916) mais uma vez a família Rampanelli foi pioneira, agora na colonização
do Oeste Catarinense e Paranaense.
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