Os filhos austríacos de Giuseppe e Ângela
Tirol Italiano/Áustria - Cembra, 28 de Março de 1861.
Nesta data nasceu Luigi Giacomo Salvatore Rampanelli, meu tio-avô, o primeiro filho de meus bisavôs, Giuseppe e Ângela.
Extrato
de registro de 19.11.2001, do nascimento encontrado na Paróquia de Santa Maria
Assunta da Comuna de Cembra na Província Autônoma do Trento, Itália. Atto nº
19/1861 de 28/03/1861.
Nesta data nasceu Pietro Giovanni Rampanelli,
meu tio-avô, o terceiro filho de meus bisavôs, Giuseppe e Ângela.
Tirol Italiano/Áustria – Cembra, 06 de Maio de 1869
Nesta data nasceu Giovanni Rampanelli, meu tio-avô, o quarto filho de meus bisavôs, Giuseppe e Ângela.
Tirol Italiano/Áustria –
Cembra, 26 de setembro de 1874
Nesta
data nasceu Giuditta Rampanelli, minha tia-avó, o sexto filho de meus bisavôs,
Giuseppe e Ângela.
Nesta data nasceu Orsola Rampanelli, minha tia-avó, o segundo filho de meus bisavôs, Giuseppe e Ângela.
Tirol Italiano/Áustria – Cembra, 07 de julho de 1872
Nesta
data nasceu Orsola Maria Rampanelli, minha tia-avó, o quinto filho de meus
bisavôs, Giuseppe e Ângela.
OBS: Não foram encontrados
registros da entrada no Brasil das irmãs Orsola Rampanelli e de Orsola Maria Rampanelli.
Depois de mais de dois anos de pesquisa, encontramos as
respostas, que tanto procurávamos para saber o destino das pequenas Orsola e
Orsola Maria Rampanelli, filhas de Giuseppe e Ângela. Nossa pesquisa se fixou
nos fatos comuns da época e do cotidiano de vida dos que emigraram para a
América, encontrando três possibilidades, para ajudar a desvendar a não
vinda das meninas para o Brasil. Se
estivessem vivas por ocasião da emigração em 1875, Orsola teria 12 anos e
Orsola Maria 3 anos.
Como primeira
possibilidade, atribuímos às doenças da época que faziam muitas vítimas,
principalmente crianças. Para Renzo Grosselli, escritor trentino especialista em assuntos de
emigração do Àdige, o que explicaria essa grande mortande de crianças,
principalmente por volta dos anos 1875-1900, período da grande imigração, onde 20% das crianças, uma em cada cinco, morriam
antes de completar um ano de idade. Os médicos da época atribuiam como causa
dessas mortes uma doença definida como “fraqueza congênita”.
O
diagnóstico de um desses médicos explica com o que estavam lidando:
“A pele está murcha, o olhar está
semi-alerta, a testa está enrugada, como se tivesse ocorrido as dificuldades da
vida; eles nem tem folego para chorar. A coloração era amarela e as crianças de
vários meses não conseguiam permanecer sentadas, pois não tinham força. Foi uma
morte ligada não apenas à fome, mas a uma desnutrição grave. Esses jovens eram
filhos de mães desnutridas e que tinham que trabalhar muito nos campos e em
suas casas, até o nascimento e após retomavam esse difícil regime de trabalho
sem estarem totalmente recuperadas”.
Outra possibilidade é que
tenham morrido na viagem, pois também várias doenças, entre estas a varíola,
acometiam os emigrantes nos navios, considerando que as condições de higiene
era muito precárias, principalmente crianças e idosos. Os mortos nos navios
eram jogados ao mar.
O
descendente de imigrantes Vitório Pedro Tommasin, com 89 anos de idade contava
sobre as histórias dos imigrantes que ouvia de sua mãe: como a da menina que
havia falecido no navio e seus familiares colocaram-na dentro de um saco de
grisa e a esconderam, pois queriam enterrá-la em terra firme. Dias após, devido
à decomposição do corpo e do mau cheiro, a tripulação a encontrou e obrigou
seus familiares a jogá-la no mar.
Também,
dentro das possibilidades do destino das irmãs, mas menos provável, é a de que
poderiam ter ficado com familiares, como tios, avôs, coisa comum na época,
principalmente os que estavam acometidos
de alguma doença mais séria, para
evitar que morressem devido aos riscos da grande viagem e as incertezas na nova
terra.
Infelizmente, o cruel, sofrido e impensável destino das filhas de Giuseppe e Angela, Orsola Rampanelli (DN: 04/09/1863) e Orsola Maria Rampanelli (DN: 07/07/1872), que não emigraram para o Brasil em 1875, está esclarecido na resposta de nosso e-mail enviado a Diocese do Trento na Itália, que aqui apresentamos o seu inteiro teor:
R: Certificati di morte e di
nascita
Yahoo/Entrada
Renato Giacomelli <renatogiacomelli@diocesitn.it>
Para:Luiz Rampanelli
sex., 23 de out. às 05:27
Buongiorno, di seguito quanto
trovato in merito alla sua richiesta:
Orsola Rampanelli è morta il
25/12/1865 a Cembra, mentre Orsola Maria il 10/10/1873, sempre a Cembra.
Renato Giacomelli – archivista
Archivio Diocesano Tridentino
Via Endrici, 14 - 38122 Trento
0461 360215 -
r.giacomelli@diocesitn.it
E-mail recebido do
Arquivo Diocesano Tridentino do Trento Itália em 23.10.2020.
Recebemos também os
arquivos que comprovam essa informação, bem como a causa mortis das crianças.
Orsola faleceu (25/12/1865) com dois anos e quatro meses de dissenteria e
Orsola Maria (10/10/1873) com um ano e três meses tendo como causa mortis
difecteria e tosse ferina.
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