quinta-feira, 3 de abril de 2025

Família Rampanelli - Capítulo XXXVI - Colônia Erechim - 1ª Parte - Família Rampanelli em busca de novas terras

 

                                             A Família Rampanelli na busca por novas terras

“O homem que tem saúde não deve emigrar por falta de recursos, mas por falta de trabalho. O homem quando se muda, deve ir para um lugar onde haja terras disponíveis para trabalhar, e não para um lugar onde pode encontrar esmolas”.  (Mateus Venturini, 76 anos, imigrante estabelecido na Colônia Silveira Martins em 1883).

                        E assim fez a família Rampanelli nesses 150 anos no Brasil. Como verdadeiros homens da terra, sempre estiveram presentes nos movimentos, em  busca de trabalho, em  novas terras disponíveis, onde quer que elas se encontrem,  para dar uma vida melhor para seus filhos e netos.

Família Rampanelli na colheita do trigo, finais dos anos 1940 em São Valentim/RS. Na imagem: José Antonio Rampanelli, seus filhos Selvino Sebastião, Teolindo Antônio e Eduardo Rampanelli. Fonte: Arquivo pessoal de Ilda Rampanelli (a criança menor na imagem) neta de José Antonio Rampanelli.

                        A família Rampanelli não foi exceção, também participou da grande diáspora do povo gaúcho, acompanhando as grandes movimentações do povo sul-riograndense pelas novas fronteiras agrícolas de todo o Brasil. Dá para afirmar sem medo de errar que em todos os lugares deste Brasil em que novas terras foram incorporadas à produção agrícola, lá estava um Rampanelli.

Família Rampanelli no Brasil

                                                      Localização da Família Rampanelli no Brasil em 2025

Da Colônia Guaporé para a Colônia Erechim – 1908

                     A ocupação dos campos do alto Uruguai, no norte do Rio Grande do Sul,  ocorre no final do século XIX. Esta região em 1893 já era ocupada por índios Kainganges, muitos deles haviam sido deslocados das regiões de colonização italiana na serra gaúcha. Neste mesmo ano a região passa a receber as levas iniciais de imigração branca, em boa parte composta por fugitivos da revolução federalista (da degola) que vinha ocorrendo no sul do Brasil que aqui se estabeleceram e se miscigenaram com os índios. Também os bandeirantes que passaram pela região deixaram suas descendências, os caboclos.

                        Mas é somente no ano de 1908 que a Diretoria de Terras e Colonização, através de seu Diretor Carlos Torres Gonçalves, cria através de decreto a Colônia Erechim, com a finalidade de colonizar através da posse das terras desta região, localizada em zona de fronteira internacional, e estabelecer uma barreira humana contra invasões externas. Tinha também por objetivo o de produzir excedentes e artigos de primeira necessidade para abastecer o mercado interno. O seu núcleo urbano foi implantado em 1910, no atual município de Getúlio Vargas. Em 1913 o núcleo foi transferido para a localidade de Paiol Grande, atual município de Erechim, que passou a ser a nova sede da colônia. Em 1916 a Comissão de Terras também é transferida para Paiol Grande. A emancipação da colônia se dá no ano de 1918.

               O elemento escolhido para realizar essa ocupação foi o imigrante europeu e seus descendentes, que já ocupavam terras em outras regiões no Rio Grande do Sul. Este imigrante era visto como colono ideal, portador de técnicas mais adequadas e avançadas para produzir o desenvolvimento econômico e social da região, de outro modo, considerado  superior ao caboclo e ao indígena.

                        O objeto desta colonização tinha por base estabelecer elementos de diferentes etnias e culturas na região, mas foi o camponês italiano, sem posses, que se deslocou em maior número e em grande parte provenientes da migração interna das colônias velhas, localizadas na região serrana, entre elas a Colônia Guaporé, de onde vieram a maioria dos descendentes da família Rampanelli.

            A Colônia Erechim localizada no norte do estado do Rio Grande do Sul e  inserida no conjunto das chamadas novas colônias, sendo das últimas criadas com a intenção de ocupar o restante das terras de áreas devolutas no estado. A população que ocupou esta colônia foi fruto do esgotamento das terras nas colônias velhas e era composta pelas segundas e terceiras gerações  dos imigrantes que povoaram a serra gaúcha.

                    Os fatores facilitadores a esse deslocamento interno de muitos filhos de imigrantes, quando não famílias inteiras, foi devido ao esgotamento dos lotes de terras nas colônias  velhas e a conclusão da estrada de ferro que ligava São Paulo ao Rio Grande. Embora criada em 1908 a Colônia Erechim passou a ser efetivamente mais ocupada a partir de 1910 com a chegada do trem. 

 

 

        Estação Ferroviária de Paio Grande - Colônia Erechim em 1917. Fonte: Wikipédia 

                A ferrovia, construída por companhias belga e inglesa, foi responsável por várias mudanças no Rio Grande do Sul, entre estas impulsionou a reocupação e o desenvolvimento econômico da região de Erechim. Foi este meio de transporte que atraiu novos migrantes, que de forma espontânea ocuparam os lotes, num primeiro momento  demarcados com 50 hectares, alterando-se em momento posterior para 25 hectares.  A exploração dessas terras se deu pelo sistema de minifúndios, isto é, através de pequenas propriedades, onde  o solo era trabalhado pelas famílias dos colonos.

                               O  camponês europeu, entre eles a família Rampanelli, emigrou para a América com a intenção de se tornar proprietário do seu pedaço de terra.   A vida desse imigrante era baseada na terra, trabalho e família, por isso constituía famílias imensas, para utilizar essa mão de obra para produzir, quitar seus lotes e poder adquirir mais terras para distribuir aos filhos, principalmente os filhos homens.

                        Portanto, mais uma vez a família Rampanelli, tendo por base os elementos terra, trabalho e família, como as abelhas, abandona seus ninhos na Colônia Guaporé para construir novos ninhos na Colônia Erechim. Apesar de que a maioria da família ao longo dos anos realizou esse movimento, uma boa parte permaneceu ocupando seus antigos ninhos ou mudando-se para lugares próximos, dentro ou fora da área abrangida pela Colônia Guaporé.

              

                  Fonte:http://arquivohistoricoerechim.blogspot.com.br/​2011/​07/​imigrantes-o-inicio-de-tudo.html


 




Nenhum comentário:

Postar um comentário