segunda-feira, 31 de março de 2025

Família Rampanelli - Capítulo XXXIV - Colônia Guaporé - Parte 1 - Família Rampanelli em Dois Lajeados - RS

 

De Colônia Deodorópolis à Dois Lajeados

                        A primitiva área territorial desse município constituiu a colônia particular denominada Deodorópolis (1908) que pertencia ao Desembargador Trajano Viriato de Medeiros e de sua esposa Cândida Sabóia Viriato de Medeiros, que passaram a comercializar as terras férteis, o que atraiu imigrantes, principalmente os filhos de imigrantes residentes nas Colônias de Imigração de Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Veranópolis, Garibaldi e de outros lugares da região que vieram a Deodorópolis para se dedicarem principalmente  a agricultura.

                        A Colônia Deodorópolis, hoje município e cidade de Dois Lajeados teve o nome atribuído a existência de um córrego com duas nascentes, uma a nordeste e outra a sul da sede do Distrito. Ambas as nascentes receberam o nome de Lajeado e inspiraram o nome do distrito e depois do município.  As nascentes do arroio dois lajeados, lugar de descanso de carreteiros, viajantes e respectivos animais de carga ou tração, que passavam pelo lugar com produtos coloniais, em direção ao Porto de Muçum para serem embarcados em barcaças e transportados pelo rio Taquari até Porto Alegre.

  Imagem 1: Antiga casa de pouso (casa de pasto) dos carreteiros, que na época pertencia a família Dalmas. Imagem 2: Esse Galpão ainda existe, deve estar com mais de 100 anos, está resistindo ao tempo, fazia parte dessa casa de pouso dos carreteiros, aqui era onde as mulas descansavam e na parte de cima onde era guardado o feno para a alimentação delas. Imagem: Fabio Dalmás - Facebook

            Os primeiros moradores da Vila de Dois Lajeados foram Fiorelo Antônio Trentin, que chegou por volta de 1907;  Eduardo Franciosi, 1912; Angelo Bacchi, 1914; Carlo Consoli, 1914; Ernesto Luzzi, 1914; Francisco Pasini, 1914; Luiz Cenci, 1915; Vitório Brandini, 1915; Antonio Ogliari, 1916; Giácomo Ogliari, 1916; Isidoro Rampanelli, 1916; Theodorico Ronchetti, 1916; Antonio Stello, 1917; Francisco Consoli, 1917; Rodolfo Ronchetti, 1917. A Mitra Arquidiocesana adquiriu terras destinadas ao Cemitério em 1910 e outras, para a futura Igreja e demais serventias, em 1917; Luiz Zigioli, 1917; Paulo Ogliari, 1918, Francisco Scartezzini, 1919 e outros.

            O Distrito foi criado com a denominação de Dois Lajeados, pelo ato municipal nº 6, de 24-11-1922, subordinado ao município de Guaporé.

Distrito de Dois Lajeados no final dos anos 1930.

            Carlo Costante Rampanelli e sua família deixaram a cidade de Bento Gonçalves no início do século XX, no ano de 1900, um ano após o falecimento de seu pai Giuseppe Rampanelli(1827-1899) e dois anos após o seu casamento em 1898 com Catherina Bonatto. Seu destino foi a Colônia Guaporé, onde comprou e fixou residência num lote na Linha Visconde de Saboia da antiga Colônia Deodorópolis, hoje, município de Dois Lajeados, onde nasceu sua primeira filha, ANGELA LUIZA RAMPANELLI em 14 de setembro de 1900.

domingo, 30 de março de 2025

Família Rampanelli - Capítulo XXXIII - A Família Rampanelli em Vespasiano Corrêa - RS

 

De Picada Boa Esperança à Vespasiano Corrêa

                        A colonização de Vespasiano Corrêa iniciou-se em 1888 tendo sido praticamente a última região colonizada por imigrantes vindos diretamente da Itália, ou através das colônias italianas de Garibaldi, Bento Gonçalves, Caxias do Sul e Veranópolis, além das famílias de origem francesa e polonesa.

                        A Picada Boa Esperança foi datada de 1896. Nesse mesmo ano o Doutor Borges de Medeiros a designou de Nova Esperança. Nenhuma dessas denominações prevaleceu, pois o povoado formou-se sob o topônimo de "Esperança", até 1907, quando foi criado o 4º distrito de Guaporé. O designativo de "Dr." também não vigorou. Permaneceu, unicamente, "Vespasiano Corrêa" até a presente data. 

                         O Município foi criado através de lei estadual nº 10.663/95, de 28 de dezembro de 1995.

Vespasiano Corrêa em 1916, 4º Distrito de Guaporé (RS)

               
      O nome foi uma homenagem ao Engenheiro e Intendente "Dr. Vespasiano Côrrea", que realizou grandes trabalhos pela comunidade local. Vespasiano foi chefe da comissão de terras e colonização, com sede em Guaporé e 1º Intendente daquele município. Era filho de José Corrêa e Maria Carolina Corrêa, nasceu em 1871 e teve três irmãos. Formou-se em Engenharia no Rio de Janeiro e casou-se com Serafina Corrêa na cidade de Rio Grande. A partir de 1892, Vespasiano Corrêa chefiou a Comissão de terras e colonização, por ser uma pessoa de confiança de Borges de Medeiros.



Imagem: Vespasiano Rodrigues Corrêa . 

 


A Família Rampanelli em Vespasiano Corrêa

            O filho mais velho de Giuseppe e Ângela, Luigi Giacomo Salvatore Rampanelli, residiu com sua família em Vespasiano Corrêa, seu filho José Antônio Rampanelli casou neste distrito de Guaporé, conforme transcrição de certidão de casamento:

"Em 22 de Julho de 1916  contraíram matrimônio JOSÉ ANTÔNIO RAMPANELLI E THEREZA CARTELLI, ambos solteiros, naturais do estado do Rio Grande do Sul. Ele com 24 anos de idade, de profissão lavrador, filho de Luigi Giacomo Salvatore Rampanelli e Costança Pozza. Ela com 19 anos de idade, de profissão doméstica, filha de Luiz Cartelli e de Ângela Zanoni, ambos os nubentes residentes e domiciliados no Distrito de Vespasiano Corrêa, então 4º distrito de Guaporé (RS), hoje município de Vespasiano Corrêa, conforme registro encontrado na Comarca de Encantado”.

Na imagem: Luigi Giacomo Salvatore Rampanelli e sua esposa Costanza Pozza, o filho José Antônio Rampanelli e sua nora Thereza Cartelli, as netas Maria Guerina e Rozina Rampanelli. Anos 1920.

 

 

           


                                     Uma homenagem

            O outro filho de Luigi, Carlos Rampanelli numa homenagem ao Engenheiro ou ao distrito, colocou num dos filhos o nome de Vespasiano Corrêa Rampanelli.


Na imagem: Vespasiano Corrêa Rampanelli, filho de Carlos Rampanelli e Rosa Passini (Rozina), faleceu em São Leopoldo em 14.06.2017, com 85 anos de idade.



            Muitas famílias que se uniram através de casamentos com membros da família Rampanelli, como foi o caso de Maria Aschidamini, filha de Máximo Aschidamini e de Elizabetha Zerbielli, a mãe  e os avós deste autor,  que casou com Leonildo Rampanelli, também nasceram e viveram no distrito de Vespasiano Corrêa.

Os filhos de Máximo Aschidamini e Elizabetha Zerbielli, a mãe deste autor, Maria Aschidamini Rampanelli é  a quarta de pé, da esquerda para a direita em sua residência em Vespasiano Corrêa.

Avós maternos do autor. Elizabeta Zerbielli e Maximo Aschidamini, filhos de imigrantes italianos que se fixaram na Picada Boa Esperança, atual Vespasiano Corrêa, com lote de terras na Linha Visconde de Saboiá. Anos depois se mudaram para a Linha 11, atual Serafina Corrês. Eram os pais de Maria Aschidamini Rampanelli (fotos a seguir).

Maria Aschidamini Rampanelli visita a terra onde nasceu

Maria Aschidamini Rampanelli retornando as terras onde nasceu, viveu e trabalhou na Linha Esperança, atual Vespesiano Corrêa. Relembrando as atividades que realizou durante boa parte de sua vida.

            Também a família Vigne,  que veio do Vêneto Itália em 1889, fixando  residência  em Esperança, atual  Vespasiano Corrêa, e por aqui viveram por muitos anos, se uniu com a família Rampanelli, por casamentos, em duas oportunidades. As irmãs Vigne, filhas de  Francisco Vigne e de Rosa Fachinetto,  Lidovina Vigne casou com Emilio Rampanelli, filho de Isidoro Giulio Rampanelli e Ema Golin e tiveram os filhos Antonio e Luis Mário Rampanelli. Já a irmã Dometila Vigne casou com Luigi Giuseppe Rampanelli Zangrande, filho de Jeronymo Zangrande e Giuditta Rampanelli  e tiveram os filhos, Anir, Terezinha, Abrelino, Maria, Lúcia, Pedro, Noemi, Arilde, Antonio e Gema Maria Vigne Zangrande.

Francisco Vigne e suas filhas. Dometilla Vigne, de casaco xadrez ao lado esquerdo do pai, casou com Luigi Giuseppe Rampanelli Zangrande, filho de Jeronymo Zangrande e de Giuditta Rampanelli.

sábado, 29 de março de 2025

Família Rampanelli - Capítulo XXXII - A mudança da família para a Colônia Guaporé - RS

 

De Bento Gonçalves à Colônia Guaporé

                        Com o passar dos anos outras colônias foram se formando, entre elas a colônia Guaporé. Esta nova colônia foi formada a partir da imigração externa e interna, recebendo tanto imigrantes procedentes da Itália, quanto descendentes nascidos na Região Colonial Italiana (RCI).

                        A Colônia Guaporé foi instalada oficialmente em 1892, em terras que pertenciam aos municípios de Lajeado e Passo Fundo, sendo seu Diretor o Engenheiro José Montauri de Aguiar Leitão, que designou para limitar e lotear as terras o também Engenheiro Vespasiano Rodrigues Corrêa, que demarcou cinco mil lotes com tamanhos entre 25 e 30 hectares. Esses lotes receberam os primeiros migrantes procedentes das colônias antigas de Dona Isabel, Conde D’Eu, Alfredo Chaves e Campos dos Bugres.

            A Colônia Guaporé foi dividida em 22 linhas. A linha era um caminho estreito, traçado no meio da floresta virgem, através de todos os acidentes geográficos do terreno. Cada linha tinha em média uma extensão de seis a sete quilômetros. Foram nas linhas que os imigrantes organizaram sua vida social e religiosa, construíram suas casas à beira da linha  dos dois lados da estrada, uma casa sucedia a outra, evitando assim o isolamento.

                        Já em 1896, com apenas 4 anos a Colônia Guaporé contava com cerca de 7 mil habitantes, maioria de italianos, incluindo também alguns alemães, poleneses, russos e austríacos.

  Sede da Colônia Guaporé em 1896 (atual município de Guaporé). A colônia de Guaporé era dividida em 22 linhas. 

Mapa da Colônia Guaporé com suas linhas, que com o passar dos anos viraram distritos, mais tarde municípios autônomos.

            Ao longo dos anos, essas linhas foram se transformando em distritos, posteriormente deixaram de pertencer a Guaporé e viraram vários municípios do estado do Rio Grande do Sul. O primeiro distrito a se empancipar foi Marau em 1954, depois se emanciparam na ordem cronológica Casca em 1954, Muçum em 1959, Serafina Corrêa em 1960, Dois Lajeados em 1987, São Domingos do Sul em 1987, Vanini em 1987, Vila Maria em 1988, Montauri em 1988, União da Serra em 1992, São Valentim do Sul em 1992, Santo Antônio do Palma, 1992 e Vespasiano Corrêa em 1995.

            A maioria da família Rampanelli se instalou na Colônia Guaporé, todos os seis filhos de Giuseppe e Angela, em momentos diferentes, residiram na Colônia Guaporé. Luigi e sua família viveram na Picada Boa Esperança, depois Linha Esperança, atual Vespasiano Corrêa. As famílias de Carlo, Isidoro, Giovanni e Giuditta viveram na Colônia Deoderopolis, atual Dois Lajeados e a família de Pietro Giovanni viveu em Pinhal Alto, atual São Valentim do Sul. A segunda geração da família Rampanelli não residiu na sede da Colônia  Guaporé, hoje a cidade de Guaporé,  membros de gerações posteriores residiram e ainda residem na cidade de Guaporé-RS.

            Segundo recenseamento de estabelecimentos rurais realizado no Brasil em 01 de setembro de 1920,  pela Directoria Geral de Estatística do Ministério da Agricultura, Industria e Commercio, volume II, onde consta a relação dos proprietários de estabelecimentos rurais do Estado do Rio Grande do Sul, Carlo Costante Rampanelli (p.147) era proprietário de um lote de terras na Linha Visconde de Saboia, Isidoro Rampanelli (p. 146)  na Linha Borges de Medeiros e Giovanni Rampanelli (p. 149 ) na Linha 1º de Março do Distrito de Dois Lajeados na Colônia de Guaporé.






 

sexta-feira, 28 de março de 2025

Família Rampanelli - Histórias da Família 15 - Vidas marcadas pelo Rio das Antas - Os quatro casamentos entre Famílias Rampanelli x Moro

 

Família Rampanelli - Vidas marcadas pelo Rio das Antas

                        Como já escrito em capítulo anterior, os filhos de Giuseppe e Angela, Pietro Rampanelli e Giovanni Rampanelli, tinham as suas terras junto ao Rio das Antas, bem próximo do Passo do Governo, local onde eram montadas e partiam as balsas para Porto Alegre. Nossa pesquisa não encontrou registros se eles trabalharam como balseiros, mas acreditamos que possivelmente sim, pois o local era muito isolado e de vida difícil, talvez a necessidade os tenha em algum momento feito trabalhar como balseiros.

Família Rampanelli X Família Moro

                        Ao imigrar, nossos antepassados se deram de uma só vez o direito da ameaça do desconhecido, da aventura, da coragem e a possibilidade do fracasso e até da morte.

                        Também residiam as margens do Rio das Antas, no Passo do Governo, vizinhos das terras de Pietro e Giovanni Rampanelli, a família de Andréa Moro, casado com Thereza Gasparetto, ambos nascidos na Itália.


Os quatro casamentos entre as famílias Rampanelli x Moro
 
                            A vizinhança entre as famílias Rampanelli e Morro, proporcionou quatro casamentos entre os filhos de Pietro Rampanelli e Andréa Moro. Estas duas famílias tiveram a vida marcada pelo rio, tanto para unir as duas famílias, através dos casamentos entre José, Antônio, Tereza  e Gentilia Rampanelli com Dircha, Lucia, Antônio e Vitório Moro, como pela  tragédia que  também marcou a vida das duas famílias.


                             Andréa Moro, faleceu afogado no rio das Antas no dia 26 de janeiro de 1911, com 46 anos de idade. Na sua certidão de óbito, emitida pelo Cartório de Bento Gonçalves consta que decorridos uma semana após seu desaparecimento no Rio das Antas, seu corpo não tinha sido encontrado.

  Andréa Moro e Tereza Gasparetto.     Acervo familiar.

 


                        Nossa pesquisa não conseguiu informações se o afogamento de André Moro tenha se dado em função do trabalho como balseiro, mas é uma opção a não ser descartada, já que muitas pessoas do lugar tinham seu sustento com o trabalho que o Rio das Antas lhes proporcionava.




 

                        Nos percursos futuros das famílias Rampanelli e Moro, mais uma vez um rio marcará suas trajetórias de vida, agora o Rio Uruguai, na fronteira do Rio Grande do Sul com Santa Catarina. Segundo Darci Rampanelli, seu primo Rodolfo Rampanelli Moro, filho de Antonio Moro e de Tereza Rampanelli, neto de Andréa e Pietro, foi barqueiro/balseiro no Rio Uruguai, no porto de Goio-En, na cidade de Chapecó no estado de Santa Catarina. Portanto, as histórias das balsas e dos balseiros, como no  Rio das Antas, se repete no Rio Uruguai e mais uma vez a família Rampanelli faz parte dela.



 






quinta-feira, 27 de março de 2025

Família Rampanell - Histórias da Família 14 - Leonildo Rampanelli (1919 - 2025) - 106 anos

 Uma homenagem ao meu falecido pai, que se vivo, estaria completando hoje (27.03.2025) 106 anos.

                                                       Leonildo Rampanelli

                                       Escrito por sua filha, Tereza Rampanelli Bassani


            Leonildo Rampanelli, era filho de Carlo Costante Rampanelli e Catherina Bonatto Rampanelli, nasceu em Dois Lajeados - RS, em 27 de março de 1919.

        Iniciou suas atividades laborais na roça, na propriedade da família na Linha Visconde de Sabóia, porém, com 17 anos, começou a trabalhar na Sociedade Cooperativa de Banha Sul Brasileira Ltda., em Dois Lajeados no Rio Grande do Sul, onde permaneceu trabalhando no período de 1936 a 1941.

            Leonildo trabalhou no período de 1941 a 1953 no Frigorífico Ideal S/A em Serafina Corrêa-RS, hoje BR-Foods, onde inicialmente atuava no setor de matança e embutidos e, posteriormente, desenvolveu as atividades de fiscal sanitário. Sua esposa Maria Aschidamini Rampanelli também  trabalhou na mesma empresa por 5 anos.

Frigorifico Ideal S/A de Serafina Corrêa-RS. Local de trabalho de Leonildo Rampanelli e de outros membros da família Rampanelli.

                        Em 1954 empregou-se na Fábrica de Bebidas Irmãos Montanari, permanecendo até 1957. Inicialmente trabalhou no cargo de operário na fabricação de bebidas, mas destacou-se como carreteiro entregador, que, para o qual, fazia-se valer de ternos de mulas e carroça, abastecendo principalmente comércios e festas nas capelas no interior do município e nas cidades próximas.

Carreteiro Domingos Migliavacca de Serafina Corrêa em frente ao hotel dos viajantes carreteiros em Muçum. Toda a produção da Colônia Guaporé era enviada por carroças até o Porto de Muçum para serem destinadas  a Porto Alegre, principal centro consumidor do Estado do Rio Grande do Sul,  por barcos e barcaças pelo Rio Taquari.  Essa foi uma das profissões de Leonildo Rampanelli.

                        No ano de 1957, foi nomeado para o cargo de Jardineiro, contratado pela Prefeitura Municipal de Guaporé, para atuar na manutenção das praças do então distrito da Linha 11. Com o advento da Emancipação de Serafina Corrêa, Rampanelli foi mantido no cargo de Jardineiro, permanecendo no mesmo por 17 anos, até sua aposentadoria em 1974, convertendo-se no primeiro jardineiro do município. Leonildo Rampanelli, na condição de jardineiro, trabalhou na construção e instalação da Praça da Matriz, mantendo-a sempre florida, com árvores e cercas vivas exigentemente podadas e em alinhamento.

                                       

Praça Pio XII na Linha 11, hoje Serafina Corrêa, o antes e depois de ajardinada. No canto inferior direito da imagem à esquerda Leonildo Rampanelli realizando a poda das àrvores. Está acompanhado por João Dalla Rosa que era casado com Maria Guerina Rampanelli, filha de José Antônio Rampanelli e de Thereza Cartelli e também moravam em Serafina Corrêa.              

            Muitas vezes, quando da viagem dos prefeitos, Amantino Montanari e Guerino Massolini, Rampanelli os acompanhava para realizar a compra das mudas de árvores e flores, devido o grau de exigência e capricho. Preocupado com o contexto da praça, preferia, ele mesmo, manter limpas as ruas que davam contorno ao local.

                        Além de jardineiro da cidade, Leonildo Rampanelli foi responsável, também, por diversas atividades, como pela iluminação pública, que era ligada às 18 horas e desligada, inicialmente às 22hs e posteriormente as  6 hs da manha. Durante as comemorações da Semana da Pátria, sob o seu comando era entregue o fogo simbólico e a incumbência do preparo para o hasteamento, arriamento e guarda das bandeiras.

                        Também, por inúmeros anos, foi o responsável pela distribuição dos carnês do IPTU, oportunidade em que recebia a ajuda dos filhos para organizar a separação por ruas e famílias, para posterior distribuição.

                        Leonildo Rampanelli também destacou-se nas atividades desportivas, no time do Gaúcho Futebol Clube, jogando na posição de meia e ponteiro direito, fazendo parte do imbatível time da época.

 Equipe do Gaúcho de Serafina Corrêa várias vezes campeão regional e duas vezes campeão do absoluto de amadores do estado do Rio Grande do Sul. Leonildo é o primeiro da esquerda para a direita, na linha central de joelhos. 


Leonildo Rampanelli também se destacou como um  exímio jogador de bocha e bolão, fazendo parte das equipes de Serafina Corrêa, nas disputas de campeonatos regionais.

Na imagem: Leonildo é o segundo da esquerda para a direita e o primeiro de pé.

                        



                     Ainda no Clube Gaúcho, por inúmeros anos foi o responsável pela entrega dos carnês e cobrança das mensalidades sociais, serviço que realizava fora do seu horário de trabalho e aos finais de semana.

  Antiga sede do Clube Gaúcho de Serafina Corrêa, onde Leonildo Rampanelli foi jogador de futebol, sócio e membro da Diretoria. Seu filho Antônio Rampanelli também foi jogador e membro da Diretoria. A imagem é do anos 1960.

            Na vida religiosa, sempre foi muito participativo. Atuava nas festas paroquiais intensamente. Era sócio e fabriqueiro da Capela Nossa Senhora da Salete, tendo seu trabalho se destacado no tempero das carnes e controle do churrasco. Também participava ativamente nas encenações da Via Sacra na sexta feira Santa e das festas do Cristo Rei.

                            5ª Estação: Simão de Cirene ajuda Jesus a carregar a Cruz

           


"Certo homem de Cirene, chamado Simão, pai de Alexandre e de Rufo, passava por ali, chegando do campo. Eles o forçaram a carregar a cruz." Marcos 15:21.


Leonildo Rampanelli participa como soldado romano na encenação da Via Sacra. É o segundo da esquerda para a direita, indicado pela seta. Anos 1960.







Nota do autor: Faço uma pequena observação desta cena: Digamos que o figurinista se atrapalhou um pouquinho na escolha da indumentária dos atores, estão modernos demais para a época representada, usando sapatos de couro e botas de couro com meias brancas. O meu pai era baixinho, magrinho demais, não iria dar um bom soldado romano. Ainda bem, que escolheu como profissão ser jardineiro e não ator.  Mas o que importa foi a disposição desses atores sociais amadores, em expressar a sua religiosidade, através da representação da vida e morte de Jesus Cristo.

Leonildo Rampanelli – Participação social  com a mão na  massa

                        Como muitos outros serafinenses,     Leonildo Rampanelli ajudou a escrever a história de Serafina Corrêa, trabalhando também na construção da Torre da Matriz, do Salão Paroquial, do Ginásio Nossa Senhora do Rosário, da ponte sobre o rio Carreiro, do Monumento ao Cristo Rei, do Cemitério Municipal, da construção do Hospital, das pontes sobre o Rio Feijão Cru, da Praça Municipal e da ampliação do Frigorífico Ideal.  Ilustramos a seguir com imagens algumas das obras que Leonildo Rampanelli participou das construções, deixando um grande legado para as gerações futuras de todos os serafinenses.

Leonildo Rampanelli (o segundo da esquerda para a direita, com a mareta no ombro) sempre foi ativo participante na construção das obras públicas e religiosas na Linha 11, hoje Serafina Corrêa.

Construção da torre da Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário. No dia 8 de maio de 1951 foi colocada a primeira pedra e no dia 8 de maio de 1953 foi inaugurada, com uma grande celebração. 

Imagem 1: A torre e a Igreja hoje. Leonildo Rampanelli participou ativamente da construção da torre da Igreja. Imagem 2: Seu modelo arquitetônico foi inspirado  em fotos da torre da Comuna de Fonzaso na Itália.


Construção do Cristo Redentor de Serafina Corrêa. Leonildo Rampanelli se fez presente também na construção do  Cristo,um monumento a fé religiosa dos descendentes de imigrantes.

Governador Ildo Meneghetti realiza a vistoria nas obras de construção da ponte sobre o Carreiro em Serafina Corrêa-RS, ligação importante com o município de Nova Bassano.  Leonildo Rampanelli também participou desta construção.

Imagem  1: Construção do 3º andar do antigo colégio ginasial, hoje no local funciona uma escola privada. O Prédio ao lado é o Hospital Nossa Senhora do Rosário. Imagem 2: Construção do novo salão paroquial.

 

Complexo atual: À esquerda o Salão Paroquial. Ao centro a torre da Igreja e o antigo prédio do Colégio Ginasial, hoje uma escola privada. À direita o Hospital Nossa Senhora do Rosário. Obras sociais, religiosas e comunitárias que tiveram a participação de Leonildo Rampanelli na sua construção.

 

O Casamento de Leonildo Rampanelli

           


            Em 24 de maio de 1944 casou com Maria Aschidamini, constituindo uma prole de cinco filhos: Antônio, Carlos, Tereza, Luiz e José. Leonildo e Maria adotaram outro filho de nome Paulo, com apenas dois meses de vida. Também eram avós de 7 netos; Natália, Estevão, Débora, Gean Carlo, Iury, Leonardo e Alexandre. Depois da sua morte, nasceram seus cinco bisnetos,  Enzo, Lucas. Luan, Miguel e Geanluca. 

Nota do autor: A imagem é única do casamento de Leonildo Rampanelli e Maria Aschidamini Rampanelli, pais do autor. Leonildo é o 9º filho de Carlo Rampanelli. Ano 1945. O casamento foi oito meses antes da foto oficial, pois o fotografo só  chegava na Linha 11 da Colônia de Imigração Guaporé uma única vez por ano. Fonte: Acervo familiar.

 

O adivinhador de águas

                        Praticamente todos já ouvimos histórias contadas pelos nossos pais e avós, de pessoas que tem o dom de explorar água. A técnica é milenar.

                        Entre os muitos dons de Leonildo Rampanelli, pai deste autor, era a sua habilidade em descobrir veios d’água, através da técnica da vara, geralmente uma forquilha de galhos de goiabeira ou de pessegueiro, prática comum, utilizada pelos imigrantes para achar água. Está técnica era privilégio de poucos, foi a primeira a desenvolver a percepção, que não era comum, mas podia ser exercitada, a tal ponto que os peritos em localizar veios d’água eram e continuam sendo procurados.

                        Na teoria, a técnica é bem simples, basta segurar a forquilha com a palma das mãos para cima, fazendo uma pequena pressão para entortar as extremidades para fora. Quando a ponta da vareta se mexer é porque você está passando por cima de água subterrânea.

                        Para os achadores de poços, não bastava saber onde havia água, mas a que profundidade estava à água. É possível estabelecer a profundidade do lençol freático a partir do número de vezes que a forquilha se mexe. Também era fundamental saber a que profundidade começava a pedra, pois o fundo de pedra era importante para manter a água limpa e potável. A água de poço sem fundo de pedra era considerada água de banhado.  O perito em localização de água devia garantir o possível volume de água do veio localizado, o entorno do veio, bem como a persistência da nascente em épocas de secas. Por isso o veio deve ser localizado em época de secas para ter a certeza da qualidade do veio em reter água.

                        Essa técnica se chama radiestesia, palavra que significa “sensibilidade às radiações” (origem grega). Isso funciona porque todas as pessoas têm a capacidade de perceber, inconscientemente, as radiações do ambiente, como as que são produzidas pela água em movimento. Elas geram impulsos musculares que acabam se refletindo na forquilha, que funciona como uma antena.

                        O problema é que a ciência não a reconhece, até hoje não conseguiu comprovar se a técnica realmente funciona. Os adeptos desta técnica (radiestesia) ciência oculta que investiga a suposta sensibilidade humana às radiações afirmam: “que o campo eletromagnético seria tão fraco que é impossível medi-lo por aparelhos convencionais. Que os músculos passariam a fazer movimentos imperceptíveis a olho nu. A vareta tornaria essas microvibrações visíveis, indicando a localização de um lençol freático subterrâneo. Quem manipula a forquilha é capaz de associar esse movimento com a presença de água com 100% de acerto após algum tempo de prática”.

                        Aqui não se trata de questionar a ciência, mas sim pelo fato de ter sido testemunha ocular da atuação de meu pai como adivinhador de águas, geralmente em propriedades coloniais no interior do município de Serafina Corrêa e ouvir meu pai dizer ao dono das terras que o requisitaram: “pode cavar aqui, fazia a marcação com madeira ou pedras, vai achar água em tantos metros de profundidade”. Meu pai nunca cobrou nada pelos serviços, que sempre fazia fora dos horários de trabalho, muitas vezes os que solicitaram seus serviços foram recebidos em casa, vieram agradecer por terem cavado os poços como foram orientados e encontraram água de boa qualidade na profundidade indicada. Essa forma de agradecimento se dava, geralmente com a entrega de vários produtos coloniais como: frutas, carnes, leite, ovos, queijos, salames, entre outros.


 

 

 

         Agricultor Ângelo Belusso, 73 anos morador do município de Bandeirante na Linha Várzea Alegre. Um dom descoberto há cinquenta anos. Fonte: Folha do Oeste (São Miguel do Oeste) matéria publicada em 25/04/2017. Imagem meramente ilustrativa.

 





Uma homenagem da comunidade para um cidadão exemplar

                        Leonildo Rampanelli era um homem muito simples, honesto, solidário e de poucas palavras e foi exemplar no exercício da vida pública e no relacionamento com as pessoas. Viveu com intensidade sua vida de trabalho, honrando as atribuições de sua função, deixando um pequeno legado, que merece ser eternizado. Esta homenagem resgata parte importante de sua história e dedicação pela família, pela sua cidade e mostra que a humanidade não se constitui somente de grandes obras, mas de gestos e ações que dignificam o homem e dão exemplos de cidadania.

 


Uma praça para um Jardineiro – Praça Leonildo Rampanelli

            Nada melhor, do que dar o seu nome a uma praça, para homenagear o exemplar jardineiro da sua cidade.


Praça Leonildo Rampanelli no Bairro Planalto em Serafina Corrêa – RS. Uma homenagem da comunidade serafinense ao seu primeiro Jardineiro, da sua primeira praça (  Praça Pio XII).

Falecimento de Leonildo Rampanelli

                        Leonildo Rampanelli faleceu em sua residência, em Serafina Corrêa-RS, no dia 14 de maio de 1991, com 72 anos de idade, tendo como causa mortis: Adenocarcinoma de estomago. Foi sepultado no jazigo da família, ao lado de seus pais, no Cemitério Municipal.

 

Uma homenagem da família

                             Lembranças....da infância.....da adolescência.....de hoje.....de sempre...

                                                                      Meu Pai                                                          

                                                 Escrito pelo filho Carlos Rampanelli


Eis que aí vem o seu Leonildo:
Com o carinho de mão
Carrega seus instrumentos
Dos arbustos é artesão:
Vai podando com cuidado,
Nada deixa pelo chão.
Faz capina, faz limpeza,
Cuida bem da natureza,
Tudo faz com perfeição.

Seu dia começa bem cedo,
Bem antes, do sol nascer,
Leva água para as flores
Que não param de crescer.
Embeleza toda a praça
Que dá gosto de se ver...
É exemplo de humildade,
Trabalho e fraternidade,
Nada o faz se enraivecer.

É amigo de todo mundo,
Nunca briga, nunca ofende.
Auxilia o seu Vigário;
Até o Escrivão ele atende
testemunhando nascimentos...
E ajuda muita gente
Com seu dom de encontrar água,
E para casa não leva mágoas,
Vai sempre feliz, contente.

O Senhor Leonildo Rampanelli
Entre nós não está mais
Mas será sempre lembrado
Em sua terra, em sua cidade.
Com esta justa homenagem
Que lhe fez a Autoridade
Sua lembrança não se esvai,
E nós, seus filhos, com saudade,
Sempre diremos: Obrigado, nosso Pai!

A Família de Leonildo Rampanelli

Leonildo Rampanelli e Maria Aschidamini com os filhos: Carlos (à esquerda), José (no colo), Antônio (à direita), Luiz e Tereza Rampanelli (na frente). Imagem: Acervo pessoal da família. Data:1960.